terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sempre foi o tipo de garota que acreditava no melhor das pessoas. Acreditou em promessas que jamais foram cumpridas, deu chances a quem não merecia e depositou esperanças em histórias sem finais felizes. Acreditar é sinônimo de decepcionar, ela sabia. Mas não queria ceder a essa realidade tão cruel, não podia. Teve seu coração destroçado, estraçalhado, partes por todos os cantos da casa, sentimentos jogados ao vento e palavras que rasgavam seu peito a cada vez que relembradas. “O problema não é você, sou eu.”, “Você é perfeita, mas não é isso que eu procuro..”, “Estamos em épocas diferentes..”, “Não sei se queremos as mesmas coisas”. Acreditar, se decepcionar, cair, levantar, acreditar de novo? Não, isso precisava mudar.

Decidiu que precisava se livrar de tudo que remetia ao seu eu antigo. Jogou fora suas roupas velhas, sabe, aquelas camisetinhas já não faziam sentido; rasgou fotos como se estivesse rasgando o seu passado das suas lembranças e se desfez de presentes que tanto a encantaram um dia. Se era pra desapegar do passado, que desapegasse também da sua própria imagem: cortou o cabelo como se estivesse assumindo uma nova identidade e, mais importante, mudou seu modo de enxergar as pessoas. Abriu os olhos e não gostou do que viu. Como as pessoas eram falsas e forçadas! Quantos relacionamentos baseados no medo de ficar sozinho? Mulheres se desvalorizando a troco de atenção só por uma noite? Homens mentindo, traindo e sendo perdoados no dia seguinte? Amizades sendo jogadas no lixo? Que mundo, hein. (Isabela Freitas)